sábado, 10 de outubro de 2009

O que se oferta às crianças

Quem se habilite a ofertar à criança uma página, um verso, um dizer - que o faça com a unção de quem deposita flores no altar de uma alma...

Quem se atreva a modelar os sonhos das novas gerações e projetar imagens que criarão atos, impulsos, pensamentos - que o faça com a responsabilidade absoluta da beleza e do bem...

É preciso doar à criança o que de melhor nos escorrer do Espírito, em estado de graça e simplicidade!

Algo que possa servir para a vida toda e até mais além, eternidade afora.

A palavra semeada numa alma de criança pode frutificar amanhã radiosa, mas também pode se tornar um espinho indesejável, de que muitas vezes ela não conseguirá se livrar.

Nunca serão excessivos os cuidados que tomemos com o alimento de arte a lhe oferecer.

Quando escritores se debruçarem sobre a página em branco, para respingar idéias e metáforas para as crianças, que se elevem para o infinito, pois é de infinito que devemos fecundar o futuro.

Quando pais e mestres buscarem as páginas já escritas, que escolham as que mais possam refletir idéias transcendentes e não as que se arrastam na miséria apenas do cotidiano.

Que se transportem as jornadas interessantes a terras longínquas, ou a outros planetas em metáforas da grande aventura que é o progresso do Espírito em direção à luz das estrelas!

Que se saiba traduzir o bem e a verdade sem o moralismo maçante, mas com a poesia que o Universo mesmo oferece aos olhos atentos e sensíveis do verdadeiro artesão das palavras!

* * *

Na era da informação fácil e abundante, pais e mestres precisam estar atentos, pois quase sempre a fartura, a quantidade, não tem correlação com conteúdo, com qualidade.

Orgulham-se de filhos hábeis com as novas tecnologias, e seus raciocínios rápidos e precoces, mas muitas vezes não percebem que estão cheios de informação apenas.

Informação desgovernada, mal orientada e mal filtrada, produz mais prejuízo do que ganho à alma da criança.

Atentos devemos estar ao que se vê, ao que se lê, ao que se cultua no meio de nossos filhos, para não deixá-los serem absorvidos pela vasta cultura inútil e exploratória que ainda vige em nosso planeta.

Modas criadas por empresas, por profissionais da propaganda, vendendo heróis e ídolos ocos, são ameaças à educação espiritual das crianças, quando essas gastam a maior parte de suas horas hipnotizadas com tais personagens.

Pais e mestres devem ter critérios, devem observar e selecionar o que chega às almas no período infantil.

Deixar que tenham acesso a tudo, sem controle algum, é assumir risco demasiado grande, e perder oportunidade de usar o que já se produz de bom no mundo, para ajudá-los a crescer.

Lembremos que ser pai, ser mãe, é muito mais, muito mais mesmo do que apenas cuidar.

* * *

Pensemos: o que temos ofertado a nossas crianças? O que há de melhor? No mundo e em nós?

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